Vencedor nas categorias trilha sonora, roteiro e ator no 46º Festival de Brasília, “Depois da Chuva” vai abrir o Festival da Juventude realizado há 14 anos pela 37ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Com horário ainda não divulgado, o filme será exibido em duas sessões seguidas de debate com os diretores Cláudio Marques e Marília Hughes: a primeira abrindo a programação voltada para jovens e a segunda integrando o programa oficial do evento. Além das sessões com debate, “Depois da Chuva” terá mais duas sessões na programação oficial da Mostra.
O Festival da Juventude tem sessões gratuitas e estudantes dos ensinos fundamental e médio como público. De acordo com a organização, os filmes escolhidos são “voltados para as questões específicas da adolescência”, o que encontra eco na trama de “Depois da Chuva”, onde o ator Pedro Maia interpreta um adolescente de espírito libertário que vive seu despertar político e amoroso durante a euforia causada pelo término da ditadura e o movimento Diretas Já.
Antes da exibição em São Paulo, “Depois da Chuva” passa pelo IV Janela Internacional de Cinema de Recife, onde concorre com filmes brasileiros e estrangeiros na primeira competitiva de longas do festival. Exibido como “work in progress” nos festivais de Cannes e de Cinema Independente de Buenos Aires (Bafici), “Depois da Chuva” dialoga intensamente com o momento atual do país, marcado pelos protestos em busca de uma participação mais efetiva na vida política, que tiveram ápice em junho, mas ainda reverberam com manifestações mais pontuais.
“Havia uma rara sensação de liberdade naquele momento”, conta Marques, autor do premiado roteiro de inspiração autobiográfica, referindo-se ao começo de 1984. Mas a confiança que dominava o país não durou muito tempo: as eleições diretas não aconteceram, os conchavos políticos ganharam espaço e Tancredo Neves morreu. “O que estamos vendo nas ruas hoje é o resultado de um processo mal feito de formação da nossa democracia. A Nova República nasceu com a mesma cara do regime militar no poder”, conclui Marília.
O filme terá distribuição da Espaço Filmes, de Adhemar Oliveira, e deve chegar aos cinemas em 2014, quando o movimento Diretas Já completa 30 anos. O projeto foi viabilizado pelo Edital de Baixo Orçamento do Ministério da Cultura (R$ 1,2 milhões) e do governo do Estado da Bahia (R$ 200 mil) e filmado durante cinco semanas entre junho e julho de 2012.